Arthur Lipsett é um poeta visual acima de tudo. Sua técnica de colagens visuais e sonoras o tornam ente de continuidade das ações de vanguarda do início do século XX. Assim como a arte dadaísta que apesar do aparente non-sense, em sua essência protestava contra uma pseudo-civilização que não tinha a capacidade de evitar a guerra, há também uma certa bandeira anti-frugalidade, uma crítica a sociedade pasteurizada capitalista subjacente às sequências aparentemente aleatórias das imagens de Lipsett.
A Trip Down Memory Lane de 1965 é a última parte de uma trilogia que começa em Very Nice Very Nice de 1961 - quando Lippset ainda não usava sequências de imagens com movimento mas apenas fotogramas em P&B - passando pelo antológico e contundente 21-87 de 1964. Em A Trip Down Memory Lane observamos que Lippset aguça sua crítica às instituições (mídia, forças armadas, trabalho e etc.) o que não acontece em 21-87 onde o alvo recai sobre a atomização do indivíduo em si, sua solidão e desamparo dentro da selva urbana.
O poeta canadense Arthur Lipsett cometeu suicídio em 1986 antes de completar 50 anos de idade. Talvez tenha obtido alguma popularização nos meios das artes visuais/cinema após declarações de Stanley Kubrick e George Lucas dizendo serem influenciados sobretudo pelo arrebatador 21-87.
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