Entro e ouço o seguinte murmúrio em mim:
" A casa da infância, o bloqueio no transcurso do tempo. O passado suspenso no ar. Tudo está e estava lá. As mesmas brotoejas nas paredes com as formigas de antes trazendo a barata que matei há anos atrás dentro de uma tarde também morta. Béla Bartók ainda finaliza o scherzo das sombras dançarinas no canto direito do quarto e na minha cama o meu corpo de 25 anos congela. Tenho que ter mais amigos, tenho que explorar os milhões de poros de quem eu amo, tenho que compeender Rilke à exaustão, tenho que matar os meus mortos. Meu corpo de 25, de 26, de 27, de 30 na mesma tarde com as luzes sugadas pelas nuvens negras. Gostaria de compreender melhor um crisântemo, o REM dos olhos antes do pesadelo, o fluxo do tédio em minhas artérias. E a sinfonia de mármore desse tempo fulminado."
Encontro um poema escrito no dia em que parti:
" CASA DO PAI
A velha casa já pesaNas retinas as costas do velho
Pai certos silêncios in-
Cômodos quase ao léu
Os seis violões emborcados
Numa mesma parede três
Madonas os quatro relógios
Calendários vindouros
Armários inapeláveis
Árvores.".
o Tempo passa ...muda-se os conceitos, aperfeiçoa-se a capacidade de olhar e lapidam-se as pessoas e estas que pareciam seres de visão ofuscada, começam a enxergar ouro onde viam simples latão... ( a famosa justiça do tempo).
ResponderExcluirO que dizer diante disso e do comentário acima... a pobre mortal aqui adorou o blog e volta e meia estará aqui acompanhando o progresso, sucesso sempre!
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