não deter os caminhões que derramam terra sobre as guitarras
frenéticas
é um desserviço um suicídio
secos caminham os corpos doentes
enquanto corações & mentes tramam o coito neurastêmico
as solas gastas do sapato são os bifes de hoje
os olhos dóceis os ovos estralados de amanhã
há muito sangue no seu leite
e o seu filho traz na testa a marca da faca de suas noites insones
você beija seus hierarcas sagrados na boca
e pede para que eles possuam sua alma de bruços na mesa do
escritório
um busto de Garcia Lorca tem sangue escorrendo pelos olhos
há três décadas alguém perdeu o nome quando lhe roubaram a
carteira
há cinco minutos um outro vestiu um terno cravejado por gaivotas
um homem bomba explodiu gerando uma nuvem de gardênias
a Beleza nos é sequestrada diariamente por robôs turquesa
e é sistemático o nosso desprezo pelos peixes
as saídas dos shopping centers estão obstruídas para sempre
o cachorro da Justiça corre atrás do próprio rabo gerando um
ciclone
todos são levados a crer na possibilidade de vida nos esgotos
mulheres montam bunkers dentro do próprio útero
é chegada a hora de perguntar-se pelo insucesso da lua
e porque o beijo virou uma máquina de corrosão dos lábios
Nenhum comentário:
Postar um comentário